VIAGEM A MARROCOS

VIAGEM A MARROCOS

VIAGEM A MARROCOS

Aracena, Algeciras, Gilbraltar e Arzilah

A autocaravana partiu para sul, fomos percorrendo kms até chegar à localidade de Aracena. Esta foi a primeira etapa a caminho do nosso destino, Marrocos.

Por Aracena não se encontra uma área de serviço para autocaravanas, mas temos várias opções, a que recorremos, a fim de poder pernoitar. Ficamos defronte a umas moradias ao lado de um jardim, mesmo no centro.

N 37º 53´ 24´´   W 6º 34´9´´

O parque habitual estava ocupado pela feira dos Embutidos. Como chegamos à noite, encontramos as Grutas de Aracena encerradas, o que não impediu que dessemos um pequeno passeio e degustássemos o famoso Jambon Ibérico.

De manhã, fizemo-nos novamente à estrada em direcção a Algeciras. Lá chegados paramos junto à agência de viagens Normandi, mais conhecido por Gutierrez, para adquirir o bilhete para a travessia de Ferry. O bilhete custou 220€ e exigiram em espécie, ou seja, em dinheiro.

Esta agência tem um parque próprio para estacionamento de autocaravas.

N 36º 10´46´´   W 5º 26´28´´

Nas imediações há um hipermercado. Decidimos pernoitar na Área de Serviço de Gilbraltar e assim puder dar um passeio ainda por terras europeias. A área fica situada ao lado da marina . Com o preço de 12€, podíamos desfrutar de toda aquela paisagem que envolvia o rochedo, o casario, a marina e ainda poder fazer despejos e abastecer de  água.

N 36º 9´20´´  W 5º 21´ 15´´

De tarde, percorremos as ruas de Gilbraltar, e podemos comparar as diferenças existentes de há uns anos atrás. Calcorreamos as ruas históricas. É sempre interessante porque é um enclave britânico estratégico entre a Europa e África.

Na manhã seguinte, acordamos com a vista sobre a marina. Depois da mudança técnica (águas e cassete química) seguimos em direcção ao porto de Algeciras. Pelo caminho procuramos uma bomba de combustível que tivesse GPL. Por incrível que pareça, nenhuma bomba tinha GPL. Já em situação de desespero, pois não queríamos embarcar sem ter as botijas cheias. Em Marrocos não há venda de GPL. Acabamos por descobrir junto à rotunda na entrada do porto, uma bomba da Repsol que permitiu o abastecimento.

Agora restava-nos embarcar. Seguimos as indicações portuárias e pouco depois já nos encontrávamos na fila para o embarque.

 

Com a brisa a bater no rosto, a travessia no ferry, fazia-nos antever a aventura que nos esperava, mais uma vez, por terras marroquinas. Tentávamos adivinhar no horizonte, o continente das terras douradas e cálidas, com gentes e animais diferentes e odores de especiarias no ar, que a todos fascina e inquieta.

Aqui e ali, no “ferryboat”, os passageiros acomodavam-se, depois de uma longa espera para o controle dos passaporte, um dos preceitos a cumprir a bordo. Era necessário preencher um papel fornecido pelos serviços de fronteira, que se entrega num guiché, onde no passaporte é controlado e feito o registo de um número, que vamos usar em todos os locais de Marrocos, autenticando a nossa presença.

A autocaravana, no porão, aguardava por nós, antevendo a aventura que a esperava.

Vejam o nosso vídeo no Youtube

. https://youtu.be/FqDtu_xRpgk

Pouco depois já avistávamos a costa africana. O desembarque seria em Tanger Med.

Ao chegarmos, foi feito o controlo alfandegário da autocaravana, onde foi fornecido um documento, com informação sobre o veículo, que tem de nos acompanhar “religiosamente” durante toda a estadia no país e deverá ser devolvido aquando da saída.

A autocaravana já rolava nas estradas marroquinas! Optamos por seguir diretos, rumo a ARZILAH, por auto-estrada. As portagens têm um preço muito acessível. Logo começamos a viver o ambiente marroquino. Um camionista, parado na auto-estrada, a correr atrás de dois jovens com um pau. Não compreendemos porquê e ficamos sem saber se deveríamos rir ou ficar preocupados.

ARZILA

Arzilah ou Arzila em português, é uma instância balnear popular e muito procurada pelos marroquinos que atrai muitos turistas devido ao burgo antigo, rodeado por muralhas construídas originariamente pelos portugueses, entre 1471 e 1589.

Paramos a autocaravana, no estacionamento de rua, entre o cais e as muralhas da Medina. Muito prático para fazer a visita à cidade.

N 35º 28´00´´  W 6º 2´14´´

Depressa apareceu um arrumador marroquino a pedir 50Dh pelo estacionamento e, depois em voz baixa, uma cerveja. “Português ser amigo. Português ser como irmão!” Satisfeito, lá foi com a cerveja escondida entre o djellaba..  Como em qualquer lugar do mundo tem de se ter os cuidados habituais. Trancar bem a autocaravana e depois pudemos partir à descoberta da cidade. Fica tudo muito próximo.

 

Sobre este assunto, vejam o nosso vídeo sobre Asilah no youtube.

https://youtu.be/8l-pmGobe_I

Larrache, El Jadida, Essaouira, Praia de Emoran, Agadir

Seguimos viagem. Para trás ficou Asilah. O destino seguinte seria Larrache. Larrache situa-se onde, segundo uma lenda, existiu o mítico jardim das Hespérides, onde estavam as maçãs de ouro e guardadas pelo dragão Ladon,

Depois de apanharmos a auto-estrada, depressa chegamos a Larrache. O local escolhido para estacionar e pernoitar foi o único parque de campismo disponível na zona.

N 35º 09´40´´  W 6º 08´32´´

Fica um pouco afastado do centro histórico mas, nas imediações, existe um terminal ferroviário com táxis.

Os táxis em Marrocos são muito acessíveis. Pagamos por uma viagem para o centro, 5DH, ou seja 0,50€.

O parque de campismo não tem grandes condições mas resolve… enfim, um parque de campismo marroquino!

Da nossa ligação com esta cidade sabe-se que os portugueses, em 1471, quando estavam estabelecidos em Tanger e Arzila, subiram o estuário do rio e, na margem, começaram a construir uma fortaleza, a qual não foi terminada porque foram expulsos por combatentes tribais.

Durante cem anos foi uma cidade espanhola e vê-se a influência nos edifícios. Constatamos a existência de uma igreja católica, dedicada a Nossa Senhora do Pilar. De resto, como é natural, abundam mesquitas espalhadas por toda a cidade.

O souk e a Medina com o seu comércio são dignos de uma visita. Achamos Larache uma cidade muito velha, parada no tempo, pouco cuidada como podem constatar nas fotos, no entanto com pessoas simpatiquíssimas.

Para acompanhar esta estadia visite a nossa página do Youtube.

https://youtu.be/6HW7YjBmPhg

Durante as viagens acontecem-nos peripécias inesquecíveis… perto de Larrache existem umas ruínas romanas,  do século VIII a.C. ao século IV d.C, que pretendíamos visitar (Lixus). Decidimos apanhar um táxi para o efeito. O taxista não tinha a menor ideia onde era e armou uma confusão. Vejam o que aconteceu neste pequeno vídeo.

https://youtu.be/oe3TTVi49AA

Deixamos Larache em direção a El Jadida debaixo de uma grande tempestade. Seguimos por autoestrada rumo compressa em deixar o temporal para trás. Conseguimos!

Paragem seguinte: Internacional camping de El Jadida.

N 33º 14´23´´  W 08º 29´11´´

O parque de campismo El Jadida fica situado a 300 m da praia e a 2km do centro histórico. Um passeio agradável para se fazer a pé, por ser sempre em meio urbano.

El Jazida fica situada a cerca de 90km de Casablanca. No passado foi uma possessão portuguesa chamada Mazagão, construída pelos portugueses e esteve sobre seu domínio de 1506 até 1769. Em termos turísticos é conhecida principalmente pela grande cidadela, uma fortificação, a Cité Portuguaise, a maior do seu género no norte de África e classificada pela UNESCO como património mundial. Uma das sete maiores maravilhas de origem portuguesa no mundo.

Na cidadela podem-se admirar os vários vestígios lusitanos, como placas das ruas ainda em português, a Igreja da Assunção ou a Cisterna Portuguesa de estilo manuelino. A cisterna serviu para armazém de munições e mercadorias além de recolher as águas da chuva. A entrada da luz ao refletir na água dá uma grande beleza a este espaço.

A não perder um passeio pelas animadas ruas defronte à cidade, especialmente quando cai a noite.

A viagem continuava e no próximo destino o estacionamento, não ia ser nada fácil. Na cidade de Essaouira todos os locais habituais para estacionar a autocaravana estão agora interditos.

O parque de campismo mais próximo está a 12km, o que não é muito prático. Para grandes males, grandes remédios. Dirigimo-nos ao parque de estacionamento do porto de pesca, mais central da cidade.

N 31º 30´36´´  W 09º 46´20´´

 

Este também se encontra interdito às autocaravanas mas, depois de uma acérrima negociação com o “chefe” dos arrumadores, anuíram em permitir o estacionamento. Ficou caro. 100Dh (10€) por 24 horas. Mas ficávamos junto à Medina onde tudo acontece.

https://youtu.be/tRwzQStSfrY

Essaouira, antiga Mogador, é terra de artistas, procurada pela extensa praia com dunas e pelo centro histórico, classificado pela UNESCO como Património Mundial, em 2009.

É uma mistura de cidade de séc XVIII com povoado medieval. Os portugueses em 1506 construíram aqui um forte mas, em 1510, tiveram de o abandonar pois foi atacada por berberes.

Atualmente é uma cidade em franca expansão turística invadida por milhares de turistas. À noite, não se pode perder a azáfama dentro da Medina especialmente no mercado. Confirmem no vídeo acima colocado no Youtube.

A viagem continuava pelas estradas nacionais, a caminho de Agadir.

Um dos motivos de estarmos a fazer esta viagem era beneficiar do agradável outono que se pode usufruir em Marrocos e a próxima paragem foi uma agradável surpresa. Na praia de Imourane , a 13km a norte de Agadir, descobrimos o camping Atlântica.

N 30º 30´ 34´´  W 09º 41´01´´

Com acesso direto à praia, oferece condições de nível europeu.

Uma mercearia à porta do parque, com produtos de primeira necessidade, também o pão e os croissants. A piscina, local para lavar autocaravanas, oficina para confeccionar proteções para janelas e toldos, estofador, cabeleireiro, o pintor Rachid que faz as pinturas marroquinas nas autocaravanas, AS e WC impecáveis, motivos estes que fizeram prolongar por algumas semanas a nossa estadia neste parque de campismo.

Convidamos a que nos acompanhemhttps://youtu.be/5yM8ZLU441A

num passeio de bicicleta pelo parque.

https://youtu.be/NudZ8sHOX7U

Ao usar o acesso direto do parque de campismo à praia encontramos, junto à linha de água, cafés, pequenos restaurantes com as habituais tagines e também um local onde os pescadores se dedicam à captura da lula.

Negociar a compra das lulas com os pescadores, foi uma experiência que jamais esqueceremos.

https://youtu.be/9Yv3mVruBek

A praia é muito frequentada por jovens de todo o mundo, à procura das escolas de surf, beneficiando das ótimas condições existentes para esta prática. Paralelamente há uma oferta de passeios de moto4 e camelos pelas praias. Podemos afirmar que estas praias são uma caixa de surpresas.

Descubram mais no link seguinte:

https://youtu.be/P_hY1OOs-lo

Perto deste parque existe uma localidade, Aourir, onde se pode encontrar todo o tipicismo marroquino. As inúmeras bancas da venda de bananas, produto local, talhos, peixarias e restaurantes ao logo da estrada. Claro que tudo isto à moda marroquina.

Todas as quartas-feiras realiza-se um mercado de rua, com abundante oferta de produtos frescos e a preços muito acessíveis.

À porta do parque de campismo existe uma paragem de autocarros que nos leva ao centro de Agadir. Também dispúnhamos do “grand táxi” para ir ou regressar com mais comodidade.

No vídeo deste link temos a nossa viagem a Agadir

Mas tudo o que é bom teve de acabar e o dia de deixar o parque de campismo chegou. Como estava na altura de reabastecer a autocaravana, num grande supermercado com produtos europeus, seguimos para a cidade de Agadir. Na cidade de Agadir, perto da praia e do porto, existe um parque de campismo : o Internacional Camping de Agadir.

N 30º 25´25´´  W 09º 36´26´´

 

O único fator agradável neste parque é a sua situação geográfica. Deparamo-nos com um parque muito antiquado, com condições sanitárias que deixam muito a desejar, mesmo para Marrocos. Dada a sua localização podemos ir a pé à praia, percorrer a marginal repleta de cafés e restaurantes ou apanhando um “petit táxi”, visitar o souk e o centro da cidade.

A cidade de Agadir é, para nós, a cidade mais europeizada de Marrocos. É muito moderna como é o caso da marina, os cafés, gelatarias e as lojas em seu redor.

Após o terremoto de 1960, foi reconstruída com largas avenidas, prédios modernos, grandes e lindos hotéis, hipermercados, uma marginal espectacular, tornando-se um dos mais importantes centros turísticos de Marrocos.

A nível histórico sabemos que em 1505, os portugueses edificaram ao pé do monte, em frente do mar, uma fortaleza que servia de entreposto comercial. Rapidamente encontraram dificuldades com as tribos da região, sofrendo longas lutas e cercos. Em 12 de março de 1541, Mohamede Ech-Cheikh tomou a fortaleza e 600 sobreviventes foram feitos prisioneiros, entre estes o governador D. Guterre de Monroy, os filhos e a filha Dona Mécia. Os cativos foram resgatados mais tarde, por religiosos vindos especialmente de Portugal. Dona Mécia, cujo marido, foi morto durante a batalha, tornou-se mulher do Cheikh. Mais tarde, depois de ter dado à luz uma filha que faleceu, ela foi envenenada pelas outras mulheres do Cheikh. Nesse ano, o Cheikh libertou o governador D. Guterre de Monroy. Uma triste história.

Apesar desta modernidade, Agadir tem um souk tradicional cuja visita não perdemos.

Entrada do Souk de Agadir.

Terminamos aqui a nossa estadia em Agadir. Era tempo de continuar a rumar a sul.

 

 

Tiznit

Ao longo da estrada, a caminho de Tiznit, a paisagem foi modificando. As serras foram dando lugar a extensas planícies áridas. O deserto estava-se a revelar.

TIZNIT é uma cidade em que a maioria dos seus habitantes são berberes. A sua paisagem já anuncia o deserto do Saara. Aqui se cruzam diversas rotas importantes que ligam as regiões costeiras do Sul, às regiões do norte e montanhas do Anti-Atlas de Trafaoute ao mar.

Nós optamos por ficar no parque de campismo municipal, mesmo à entrada da Medina.

N 29º 41´38´´  W 09º 43´33´´

O parque tem condições rudimentares mas vale pela localização.

https://youtu.be/pempWHn3qCg

Durante a viagem que se tem vindo a desenrolar no outono, temos usufruído de um tempo fantástico. Temperaturas muito agradáveis, praia e piscina. Deu mesmo para adquirirmos um bronzeado de verão. Mas em Tiznit, ao fim de dois meses de viagens, tivemos que ficar na autocaravana devido à chuva que caía. Aproveitamos para fazer uma reflexão sobre o que é viajar de autocaravana em Marrocos.

Vejam no link abaixo:

https://youtu.be/F0VuBI5u2VQ

Visitar a cidade de Tiznit é muito agradável. Devido à localização do parque podemos deslocarmo-nos a todos os sítios a pé. Por exemplo: Fazer compras nos souks.

Num dos souks  são vendidos jóias de prata fabricados por ourives berberes, noutro encontramos todos os produtos necessários para a alimentação.

Contudo, existe um outro Souk (mercado) fora das muralhas. Um grande mercado onde se junta grande parte da população para as compras da semana.  Por lá acontecem as situações mais inesperadas. Acompanhem-nos e reparem em toda a ambiência.

Passear pelas ruas de Tiznit é uma experiência que aconselhamos a todos os companheiros. O tipicismo que se vive nas ruas da Medina, o quotidiano dos seus habitantes, a animada vida comercial desta confluência de rotas que vêm do deserto, fazem com que a estadia em Tiznit seja uma experiência inesquecível por estas terras africanas.

https://youtu.be/D6kqcnT6L0Q

Terminamos por aqui a nossa viagem em Tiznit e seguimos para o interior de Marrocos, Tafraoute.

O dia amanheceu com um sol esplendoroso. Iríamos atravessar as primeiras montanhas e nem imaginávamos o que nos esperava. As paisagens eram espectaculares. Em plena montanha apareceu nevoeiro e quase que tínhamos de sair da autocaravana para ver se ainda permanecíamos na estrada.

Por fim, ao chegar a Tafraoute, a estrada transformou-se numa pista. Mas, o que nos ficou gravado em todo este percurso, foram as espectaculares paisagens que surgiram.

https://youtu.be/M4SaeDH3odk

Chegados a Tafraoute dirigimo-nos para um dos campings disponíveis, “Três Palmeiras”

N 29º 43´18´´  W 8º 58´46´´

Tafraoute está situada num vale a cerca de 1.000 metros de altitude. Tem forma circular salpicado de palmeiras, árvores de árgan, amendoeiras e rodeada por serras graníticas cor-de-rosa com formas bizarras e com cores intensas que mudam conforme as condições de luz.

https://youtu.be/k_Vof8o2LlI

Depois de fazer a estrada semidesértica, chegar aqui é como penetrar num oásis de palmeiras e águas esquivas. Nesta vila abundam jardins, por onde os seus cerca de 6.000 habitantes passeiam. A parte mais antiga tem um núcleo com lojas de babouches (chinelo marroquino), carteiras e outro artesanato local. O Souk  dispõe de viveres e frutos secos. Há uma mistura de odores a especiarias no ar.

Antes de nos despedirmos de Tafraoute fizemos um passeio de bicicleta que registamos. Aconselhamos que vejam o vídeo.

https://youtu.be/SHueCnQdvI4

Despedimos-nos, com grande pena nossa, do palmeiral e das montanhas de granito rosa. Este será um local onde futuramente regressaremos. Seguimos viagem em direcção a Tarudant .

Tínhamos duas propostas de estrada a seguir: uma com melhor piso e que percorria as vertentes das montanhas ou passar pelos seus cumes e planaltos. Optamos pela segunda. Tinha mau piso, era mais estreita, muito sinuosa mas passava por aldeias que pareciam paradas no tempo e ofereciam paisagens surpreendentes.

Ver o vídeo da viagem colocado no Youtube.

https://youtu.be/K_X43s6kd3k

 

Pelo caminho, na estrada, passamos por veículos de mercadorias super-carregados. As mercadorias encontravam-se condicionadas ao máximo. É usual isto acontecer em Marrocos!

 

 

TARUDANT

Entramos na cidade de Tarudant e logo fomos surpreendidos por esta cidade, que viríamos a considerar a mais marroquina de todas as cidades visitadas.

Tarudant é uma das mais antigas cidades de Marrocos. É apelidada de “pequena Marraquexe” por fazer lembrar aquela cidade em ponto pequeno, sobretudo devido às suas muralhas de 7,5 km e à animada Praça Assarag, uma espécie de Praça Jemaa el Fna.  Mas tudo isto iriamos descobrir mais tarde. A nossa primeira preocupação foi arranjar estacionamento e pernoita para a nossa autocaravana. O local que levávamos referenciado encontrava-se interdito a autocaravanas.  Junto a uma das portas de Medina existe uma área de serviço para autocaravanas, que podia ser uma boa opção.

N 30º 28´42´´  W 08º 52´27´´

Esta área de serviço fica rapidamente cheia e os lugares são muito apertados. Nós pretendíamos um pouco mais de conforto e segurança. Decidimos ir para um parque de autocaravanas, que tinha acabado de ser inaugurado, mas distava a cerca de 5 km.

N 30º 29´51´´  W 08º 49´08´´

Este parque tem condições muito boas a nível europeu. Uma estação de serviço localizada mesmo ao lado, em parceria, oferece uma piscina, restaurante e venda de pão.

Depois de estacionados para ir visitar a cidade tínhamos duas opções. Mesmo em frente ao parque e seria: apanhar um “grand Taxi” e partilhá-lo com autótones ou apanhar um dos muitos autocarros que se dirigem à entrada da Medina. Optamos pelo autocarro e pagamos 3Dh (0,30€).  Chegados ao destino, só nos restava descobrir e usufruir da cidade.

Acompanhem a visita à cidade através do vídeo.

https://youtu.be/g42tUasreZk

Esta cidade foi uma base para as ofensivas contra os portugueses instalados em Agadir, naquela época chamada Santa Cruz do Cabo de Gué, no séc XVI. Foi um centro importante de caravanas, célebre pela abundância e qualidade das suas mercadorias, como o açúcar, algodão, arroz, citrinos, etc.

É uma cidade com pouco turismo, felizmente. Uma cidade marroquina genuína com muito comércio, com belas muralhas, as mais bem preservadas de Marrocos e com uma profusão de hortas e jardins, que alegadamente ocupam mais espaço que as casas.

A visita pela cidade prolongou-se até à noite. E foi daí que tivemos uma das melhores experiências da viagem.

Estávamos em plena hora de ponta marroquina. Havia filas enormes para apanhar autocarros e nós tínhamos de descobrir qual seria o nosso. Pouca gente falava francês. Depois de várias tentativas, pensamos que estaríamos no autocarro certo. De referir que este só partiria quando estivesse completamente cheio. Mas quando dizemos cheio, significa literalmente cheio, “até à cunha”, como se costuma a dizer em português. O autocarro partiu. A nossa dúvida mantinha-se! Seria o certo?

Com a agravante de não conhecermos o percurso e, sendo de noite, não tínhamos pontos de referência. Mas o que nos poderia acontecer?

Éramos os únicos europeus no autocarro. Todos olhavam para nós insistentemente. Ficamos desconfortáveis? Não! Com o nosso habitual sorriso, começamos a perguntar, primeiro ao condutor, depois aos passageiros juntos de nós, mais por gestos do que pela língua francesa, se conheciam o parque. A pouco e pouco perceberam.  Então todos os passageiros retribuindo o nosso sorriso faziam- nos sinais de que não havia problemas. Estávamos no autocarro certo! Pouco depois já se ouvia no autocarro as palavras “Ronaldo”, “Portugal irmão” “OK”, tudo misturado com a língua marroquina e muita simpatia. E, não é que o autocarro parou mesmo em frente à porta do parque? No meio de sorrisos despedimo-nos dos “companheiros de viagem”.

O povo marroquino é, de uma forma geral, muito simpático.

No dia seguinte regressamos a Tarudant para conhecer melhor a cidade. Apanhamos uma das muitas caleches existentes. Pudemos apreciar a extensão da muralha e as velhas ruas do interior da Medina. Passamos por ruas repletas de comércio onde, em bancas improvisadas, se misturam legumes, roupas, sapatos e carnes, alheios às regras de higiene.

https://youtu.be/6c5mIBz3460

MARRAQUEXE

Marraquexe é um destino incontornável para quem viaja por Marrocos. Este foi o nosso próximo destino. Há muitas opções para estacionar nesta cidade. Nós optamos por uma bastante cómoda e confortável: o campig Le relais de Marraquexe. Situada a 12 km do centro, mas com serviço de táxi à porta que por 50Dh (5€) nos leva até ao centro de Marraquexe.

N 31º 42´26´´  W 07º 59´20´´

Este parque está bem equipado, com área de serviço para autocaravanas, bungalows, piscina muito agradável num espaço ajardinado, restaurante, lavandaria e, na receção, encontramos todas as informações sobre Marraquexe.

Vejam o vídeo acerca do parque publicado no Youtube

Marraquexe, com os seus 2 milhões de habitantes, é uma antiga cidade imperial, com mesquitas, palácios e jardins, a mais procurada pelos turistas, entre eles portugueses. A sua Medina, que data do Império Berbere, com ruas labirínticas, onde os souks agitados vendem tecidos, cerâmica, tapetes, couros e jóias berberes.

A cidade de Marraquexe nos vídeos do Youtube

Realçamos o palácio Baldi. Foi construído em 1578, para comemorar a vitória da Batalha de Alcácer-Quibir contra os portugueses. A sua construção foi, em grande parte, financiada pelo avultado resgate pago pelos portugueses depois daquela batalha.

A imagem mostra o Palácio Baldi, agora em estado degradado devido aos saques entre tribus rivais. Anteriormente era majestoso, coberto de mármores e lagos interiores.

https://youtu.be/QCb39a1GXk4

 

Marrocos é o país com maior consumo de chá do mundo. Todo o viajante deve preparar o paladar para estas descobertas gastronómicas. Nós, sempre que podíamos, íamos beber o nosso chá de menta. Geralmente é servido com quantidades generosas de açúcar. Em Marrocos a recusa do convite para um chá, ou a demonstração de desagrado, podem ser consideradas como uma ofensa.

 

Não poderíamos abandonar Marraquexe sem assistir ao espectáculo “Chez Ali de MarraKech”. É um espectáculo que regride no passado, na época dos cavaleiros magos, com dançarinos, bailarinas, músicos, acrobatas e mágicos. Para assistir ao espectáculo fizemos a reserva de bilhetes na recepção do parque de campismo. Por 450 Dh (45€) incluía transporte, jantar e espectáculo.

Nada melhor que visionar o referido espectáculo através do nosso vídeo. Para os que conhecem é recordar, para os outros é vivenciar experiências.

https://youtu.be/3v8rXEy8pvw

 

Terminava assim a nossa visita a Marraquexe. Não se esquece Marraquexe e, pelo caminho, conversamos por tudo que tinhamos vivido e observado.

 

 

 

CASABLANCA

 Seguimos viagem para Casablanca.

O estacionamento nesta cidade não se afigura fácil. Decidimos ir para a localidade Mohammedia, onde existe uma estação ferroviária que permite o acesso de comboio a Casablanca e Rabat. Há várias opções. Optámos pelo Camping Said.

N 33º 43´30´´  W 07º 20´12´´

Local pequeno, com ambiente familiar, apoio de uma pequena mercearia e um restaurante onde se podem encomendar tagines. Saindo do parque, a cerca de 50m, apanhou-se um “grand Taxi” que por 5Dh (0,50€) nos transportou para a estação ferroviária. De referir que o “grand Taxi” é um táxi partilhado, normalmente, que executa serviço fora do meio urbano.

Uma outra opção, também muito prática, é o campig “Ocean Blue” . Maior e mais perto da praia.

N 33º 44´15´´  W 07º 19´ 27´´

O acesso a Casablanca é muito prático de comboio. Compramos bilhete de ida e volta.

https://youtu.be/x7RPAeI1UV0

Em Casablanca desembarcamos numa estação grande, moderna e com um pequeno centro comercial. A sua localização permitiu visitar toda a cidade a pé, malgrado as obras em que as ruas das imediações se encontravam, agravado pelas chuvas dos últimos dias.

Casablanca é a maior cidade de Marrocos, tem cerca de 5,5 milhões de habitantes e possui o maior porto artificial do mundo e o maior centro industrial e comercial de Marrocos. Os edifícios, apresentam uma versão francesa da arquitectura árabe-andaluza, brancos com linhas simples, em especial na praça das Nações Unidas. A Medina escura, de quelhas muito estreitas e sujas, contrasta com a cidade moderna.

Em Casablanca encontramos a Mesquita Hassan II, o mais alto templo do mundo islâmico e o segundo maior,a seguir a Meca. Conta com as últimas tecnologias como resistência sísmica, tecto que se abre automaticamente, soalho aquecido e portas eléctricas. Alberga 100.000 fiéis. É das poucas mesquitas do mundo muçulmano que permite a visita a turistas não muçulmanos, sendo as visitas guiadas.

CHEFCHAOUEN

Depois desta estadia, a nossa viagem prosseguiu, desta vez em direcção ao norte. Rumávamos  para Chefchaouen. A paisagem, assim como o tempo, íam-se alterando. As serras cobertas de vegetação iam surgindo assim como a chuva persistente, miudinha.

Pelo caminho passamos aldeias e a meio, sentimo-nos apedrejados por um grupo de jovens. Que fazer numa situação como esta? Nada. Simplesmente continuar. Por estas zonas são habituais estes incidentes.

Depressa chegamos a Chefchaouen. Ei-la, banhada por um raio de sol, escura, com casas a treparem a encosta verdejante da colina.

Procuramos o parque de campismo local, de acesso um pouco complicado, dado termos de nos embrenhar por entre as ruas íngremes e estreitas da cidade.

O camping de Chefchaoun, não tem grandes condições, mas permite aceder à cidade a pé.

N 35º 10´31´´  w 05º 16´00´´

Chefchauen, fica situada a 100 km, a sul de Ceuta. É conhecida por cidade azul ou a cidade Santa. Azul, por as suas casas e ruas serem pintadas de azul anil e Santa, por nela se encontrar o túmulo do santo padroeiro, o sufista Moulay Ben Mchich Alami (1140-1227).

 

Registamos um vídeo com a visita à cidade.

Teve fama de ser interdita a não muçulmanos, apesar de nela viverem muitos judeus e andaluzos, expulsos por Filipe III de Espanha. Serviu de base para ataques às praças portuguesas no norte de África, principalmente Arzila e Tanger, durante um século. Os portugueses prisioneiros construíram uma torre, no kasbah e uma ponte na cidade.

A Medina está voltada para o turismo, com inúmeras bancas vendendo lamparinas marroquinas, peças de couro, roupas e louças.

 

Vamos continuar a visita de Chechaouen, desta vez com sol. Para isso acompanhem o nosso vídeo.

 

Para nós, é das cidades mais bonitas, diferente de todas em Marrocos, tranquila, onde se pode andar à vontade pelas ruas labirínticas, tirar fotos e observar a vida local sem preocupação.

Continuamos a viagem, na direcção do ferry que nos levaria de regresso à Europa. Ao percorrer as estradas a norte de Marrocos fizemos algumas reflexões sobre a rede viária que encontramos neste país.

O estado das estradas, as brigadas da polícia, a maneira como os marroquinos conduzem… pode acompanhar os nossos pensamentos no vídeo seguinte.

https://youtu.be/YWW-UEy6Tfk

TETOUAN

A última cidade que visitamos a caminho do ferry, que nos traria de regresso à Europa, foi Tetouan.  O local escolhido para pernoita foi o parque de campismo na vila de Martil.

Localizada a 12 km da cidade de Tetouan, Martil  fica situada na costa mediterrânica do norte de Marrocos. Tem praias com um extenso areal, ao longo da marginal, com casas novas e um centro comercial que serve os veraneantes de classe média marroquina.

O parque de campismo é aceitável e fica num espaço urbano, a 200m da praia, com praça de táxis quase à porta, assim como mercados de rua.

N 35º 37´43´´   W 5º 16´39´´

À porta do camping, apanhamos um “grand Taxi” que por 50 Dh (0.50€), nos levou para o centro da cidade.

O caminho entre Martil e Tetouan é feito em avenidas largas. Ao entramos reparamos no trânsito caótico que estas cidades do litoral possuem.

Tetouan é uma cidade hispânico-mourisca no norte de África. Ela faz parte do Rif, uma região montanhosa norte africana.   Uma das profissões mais artísticas da cidade de Tétouan  é o trabalho de zellige (azulejo tradicional)  pela sua técnica de modelagem, com cores e acabamentos de superfície que lhe conferem uma singularidade e autenticidade especial.

Tétouan também é conhecida pela mestria da pintura em madeira, que resultam em trabalhos variados e muito belos feitos pelas mãos dos artesãos. Algumas dessas pinturas fazem-nos lembrar as pinturas das mobílias no Alentejo, em especial no Redondo.

Visitamos o palácio Real, o Souk , a praça central, são locais que não iremos esquecer.

Da nossa passagem por Tetuoan, sabe-se que com a conquista de Ceuta pelos portugueses em 1415, tornou-se uma base estratégica para campanhas militares e também serviu como o principal porto para o Mar Mediterrâneo.

De acordo com o cronista Gomes Eanes de Zurara, a cidade foi destruída em 1437 por Dom Duarte de Meneses,  primeiro capitão geral de Ceuta. Moulay Ali Rachid El Alami, chamado “Berraxe” pelos portugueses, mandou construir um muro de proteção na cidade. Por isso, ele é considerado, o reconstrutor de Tétouan.

Tanger Med

Regressamos à estrada a caminho de Tanger Med, o porto por onde estava agendada a nossa viagem de regresso.

Restava-nos usufruir das maravilhosas paisagens do Rif marroquino, das mesquitas que iam surgindo no meio do casario e já se ia acentuando a vontade de um dia regressar a Marrocos.

O porto de Tanger Med é uma estrutura portuária muito moderna, segura e que permite um fácil acesso à zona de embarque.

https://youtu.be/iywmGdcjahU

Só nos restava atravessar o estreito de Gilbraltar, regressar a casa e preparar a próxima saída.

PS.Esta viagem foi realizada durante os meses de outubro a dezembro de 2019.

2 thoughts on “VIAGEM A MARROCOS

  1. Excelente, um guia perfeito para quem quiser visitar Marrocos
    Eu espero um dia poder fazer o mesmo
    Obrigado pela partilha

Comments are closed.