A CIDADE INVICTA PORTO

A CIDADE INVICTA     PORTO

A CIDADE INVICTA

PORTO

 

Já tínhamos saudades de passear pelas ruas do Porto, a viagem á Grande Romaria da Senhora da Agonia em Viana do Castelo, era um bom pretexto para visitarmos a Invicta, e ir provar o bom vinho do Porto ás Caves de Gaia.

O percurso pela estrada nacional,  fez-nos lembrar os tempos em que demorava-mos um dia para fazer a viagem entre Lisboa e o Porto, hoje temos a alternativa da autoestrada, mas as portagens não são alternativa que nos agrade, assim calmamente, lá fomos andando até ao lugar de estacionamento junto ao rio Douro na margem de Gaia.

N 41° 08´36´

W 8° 37´57´

(ATENÇÃO Este parque pode já não estar disponível.

Podem usar a AS de São Romão do Coronado, tem comboio para o centro da cidade do Porto

ou a AS de Autocaravanas de Rio Tinto com metro também para o centro do Porto.)

Este local beneficia de alguma calma, não tem possibilidade de serviços de água ou esgoto, mas pela sua proximidade da cidade e da zona ribeirinha de Gaia, é uma boa área para estacionamento.

Como pertence a um espaço privado, de momento em abandono, é possível que venha a ser desativada num futuro próximo. Confirmar se continua acessível se pretenderem fazer uso dela. Curiosamente, a única autocaravana com matricula portuguesa neste local era a nossa!

O jantar foi na autocaravana, com uma vista sobre o Douro e a cidade, o Sol ao desaparecer no horizonte, ia pintando aquele cenário, com as cores que só encontramos em Portugal!

Existe um passadiço ribeirinho, muito usado para caminhadas, nós usámo-lo para um passeio até á Ponte da Arrábida.

A noite foi calma, o padeiro apareceu para a venda do pão quentinho. Pequeno almoço tomado, e fomos para o Porto aproveitando o tal passadiço que vai até aos cais de Gaia.

O passeio á beira-rio é muito agradável, uns 15 minutos até chegarmos aos cais de Gaia, sempre acompanhados por caminheiros, que por aqui fazem o seu exercício matinal.

Durante séculos, este espaço sempre teve uma grande azafama fluvial, a exportação do vinho do Porto, a pesca, os transportes… muitas destas tarefas têm desaparecido na transformação dos tempos, mas ainda se pode acompanhar a construção dos barcos típicos os Rabelos, nos estaleiros instalados junto ao rio.

A presença dos Rabelos com as cores e velas das várias caves dos vinhos do Porto, emprestam muito tipicismo a toda esta zona de Gaia.

Esta embarcação portuguesa de vela quadrada e normalmente  manejada por sete homens, com o seu remo longo e colocado bem alto, para permitir ao mestre ver por cima das pipas, e assim decidir o rumo  a seguir na descida do rio, estavam intimamente ligados ao transporte do vinho do Alto Douro até á cidade do Porto.

Em 1887 conclui-se a linha de caminho-de-ferro do Douro e começam a cair em declínio. Hoje prestam-se a ótimas fotografias

Logo á frente encontramos a obra do Eng.º. Teófilo Seyrig, sócio do conhecido Eiffel, e que em 1886, por 369 contos (1840€) , foi o único responsável pela construção desta ponte com passagem a duas quotas, que viria a chamar-se Ponte D. Luís I.

Será por isto, que o Porto é uma das cidades europeias mais procuradas pelos turistas?

Passamos a Ponte para a outra margem…

Mais português do que isto não se encontra, nem no estrangeiro!!!

 

Logo que chegamos á Ribeira á esquerda da ponte, encontramos as “Alminhas da Ponte”, designação popular para o baixo relevo em bronze de Teixeira Lopes, que nos lembra a tragédia acontecida neste local, aquando das invasões francesas.

http://paginas.fe.up.pt/~azr/pontes/

Este site descreve muita da história das pontes do porto, a consultar…

Continuamos o passeio pela Praça da Ribeira, toda esta zona junto ao rio Douro, faz parte do Património Mundial da Unesco

O Gatinho indiferente aos títulos que a sua cidade vai obtendo, parece mais interessado nos pássaros que vêm beber á fonte

Continuando a visita não há como escapar á atração do bairro da Sé, logo á direita de quem sobe para São Bento. Bairro de grandes tradições populares, constituía uma ilha social, dentro da cidade do Porto.

 

Hoje tem havido um trabalho muito grande de recuperação da estrutura urbana e de reintegração social, o tipicismo vai-se perdendo, mas é ainda possível, encontrar figuras cuja história de vida se fundem com o próprio bairro.

António Luciano mais conhecido por “Toni das Violas”, um artesão de instrumentos musicais, que encontrámos na sua loja/oficina na Rua da Bainharia 60. Com toda a sua simpatia, interrompeu o trabalho, e foi nosso guia por dezenas de anos de história deste bairro da Sé.

http://tonidasviolas.tripod.com

   

http://vimeo.com/61580099

     

São estas “companhias”, que enriquecem as nossas viagens. Sr. António Luciano, ou “Tóni das Violas”. Esperamos que continue por longos anos a animar a Sé com a sua arte, e que o possamos encontrar sempre com saúde, em muitas futuras passagens pelo Porto.

O tempo tinha passado rápido e foi com uma indicação do Tóni, que almoçámos numa das tascas do bairro da Sé, onde por vezes acontece o fado, tendo o fazedor de violas, como músico.

Findo o repasto continuámos o nosso passeio, subindo sempre, até á Igreja da Sé.

Passagem pelo Posto de Turismo que fica no Terreiro da Sé.

Folhetos com informações, mapas da cidade e a compra do Porto Card, um passe de um ou vários dias, que dá descontos nas visitas aos monumentos e não só, a consultar…

http://www.visitporto.travel/Visitar/Paginas/PortoCard/Apresentacao.aspx?SubAreaType=4&SubArea=14

Datada do século XIII, a Catedral da Cidade do Porto, a Sé como todos lhe chamam possui uma fachada da época românica,  onde se deve notar a bela rosácea, posteriormente tem vindo a sofrer a influencia dos estilos posteriores até á intervenção do arquiteto italiano Nicolau Nasoni que adicionou uma galilé barroca á fachada lateral.

                       

O interior do monumento é tão rico como o exterior, de notar a imagem medieval de Nossa Senhora de Vandoma, os belos painéis de azulejos…

    

Mas havia que continuar o passeio, e fomos deixando o bairro medieval da Sé, para nos dirigir-mos para o centro do Porto

Muito próxima fica a Estação de São Bento.

   

Por muitos considerada como uma das mais belas Estações de Caminhos de Ferro do Mundo foi construída no local do extinto Convento de S. Bento de Avé-Maria no inicio do século XX, segundo o traço do arquiteto Marques da Silva.

Mas foi o artista Jorge Colaço, que a transformou numa obra de arte, com os painéis de azulejos de sua autoria, onde está patente uma temática histórica e etnográfica.

Das muitas imagens que desde sempre nos impressionam é a de Egas Moniz perante o rei de Leão, com toda a família vestida de condenados e com a corda para o enforcamento ao pescoço, por não ter podido cumprir com a palavra dada, que mais me emociona, lembra-me os tempos em que os homens tinham “Palavra de Honra”…

   

As representações das romarias e do quotidiano dos povos minhotos, fazem-nos ficar com a cabeça levantada por muito tempo, descobrindo a cada momento novos motivos de interesse.

O nosso passeio pelo Porto continuou até á Rua de Santa Catarina

Não deixando de reparar nos pormenores do mercado tradicional, lojas com séculos de história, que com humor, procuram cativar os clientes…

 

  É impossível passear pela Rua de Santa Catarina e ficar indiferente ao “Café Magestic”.

A história deste café funde-se com a da cidade do Porto, a sua decoração leva-nos para a “Belle Époque”, os seus bancos certamente que têm muito para contar, mas o melhor é visitar o site muito bem construído, que nos fala sobre este estabelecimento tão icónico  da cidade.

http://www.cafemajestic.com/pt/Utilidades/Homepage.aspx

   

Muito próximo do Magestic fica outra pérola da cidade o “Mercado do Bolhão”, construído numa arquitetura neoclássica, a sua monumentalidade reflete a importância que tem tido na vida dos habitantes do Porto. Construído sobre uns terrenos que eram atravessados por um ribeiro, que neste local formava uma bolha, dai o seu nome “Bolhão”, tem sido um mercado sempre virado para a venda de produtos alimentares frescos. A sua vida muito própria caracterizada pelos pregões das vendedoras, tem sido mantido ao longo de gerações, mas está em risco de se perder, os projetos de reabilitação têm gerado muita polémica. Está na altura de virem conhecer ou relembrar um dos últimos locais de venda de alimentos verdadeiramente castiços.

Visitar o Mercado do Bolhão é uma experiencia, aconselho a que tragam os cartões de memória com capacidade suficiente para as centenas de fotos que vão querer fazer… Claro que podem ouvir:

-“Ò”´more aponte para aqui que sou linda…mas veja lá para onde me leva!!!

– Ai…que ainda me lava para sua casa… e a sua senhora vai lhe dar com força!!!

E muito mais, que por descrição me abstenho de aqui publicar, nunca se sabe a idade dos companheiros que podem ler estas linhas…

Vão ficar com recordações para muitas noites de conversa.

Mas nas ruas que circundam o mercado também há muito para descobrir, não percam as mercearias “Casa Chineza” ou a “Pérola do Bulhão”

E foi aqui que nos abastecemos de alguns “venenos”, a que nunca conseguimos resistir. Sempre que por lá passamos, trazemos uns enchidos que…

Já equipados com os sacos, com um cheiro que denunciava o nosso pecado, lá continuámos pelas ruas do Porto.

Aparece como o ex-libris da cidade, a Torre dos Clérigos, construída segundo o traço do italiano Nicolau Nasoni no ano de 1763, faz parte da Igreja dos Clérigos, funcionando como torre sineira. Os seus 75 metros fizeram desta torre durante muito tempo, a maior construção existente em Portugal. A ligação dos  portuenses a esta construção, reveste alguns aspectos sentimentais, talvez por estar ligada á enfermaria dos Clérigos, numa altura em que os cuidados médicos eram escassos no nosso País.

Os seus 240 degraus já galgados em visitas anteriores, demoveram-nos da ascensão e continuámos o passei.

A paragem seguinte, foi no Edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto

Casa de muitas histórias, certamente pouco edificantes, pois por este edifício prisional construído em 1780 passaram malfeitores como o Zé do Telhado,  moedeiros falsos, revolucionários e larápios de ocasião ou assassinos, políticos em desgraça,  figuras notáveis como Camilo Castelo Branco, que no quarto ainda hoje visitável, escreveu Memórias do Cárcere. Hoje alberga o Centro Português de Fotografia, que promove muitas atividades ligadas a esta arte, assim como exposições que podem ser contempladas nas antigas enxovias que albergavam os presos.

Visita com muito interesse histórico e social, merece que á noite com o chá e o computador, se pesquise sobre este testemunho da vida social do Porto e do País.

http://www.historiadeportugal.info/cadeia-da-relacao-porto/

A visita continuaria pelas ruas do Porto mas talvez houvesse meios mais cómodos para o passeio e… comprar uns bilhetes para o autocarro turístico? Tem validade para mais de um dia, podemos entrar e sair sempre que quisermos, e percorre todos os pontes de interesse da cidade.

 

http://www.portotours.com

 

Bilhetes comprados…

E continuámos a visita mas agora com uma panorâmica diferente…

                                                                                                             

 Olha a nossa autocaravana ainda lá está…

A tarde estava a terminar e para o jantar, um restaurante na Ribeira, uns amigos “Tripeiros” tinham aconselhado a Adega de São Nicolau…

e fizeram muito bem, lugar simpático e de boa comida portuguesa!

Na Rua de São Nicolau com uma pequena esplanada para o rio, os preços de acordo com a quantidade e qualidade. Depois do repasto só havia mesmo que passear pela ribeira, fazer mais uma fotos e guardar mais umas recordações nas nossas memórias.

   

 Regresso á autocaravana pelo passeio ribeirinho com vistas noturnas sobre a cidade

Noite calma, o pouco transito que passa pelo local não incomoda e a policia passou algumas vezes na ronda noturna.

Pela manhã decidimos ir passear no Rio Douro

Escolhida a embarcação no cais de Gaia frente ao Mercado, e havia que embarcar.

O Guia Turístico lá ia dando as explicações sobre o que íamos encontrando no percurso, e assim se passou uma hora sobre as águas do Douro

  

   

 Existem várias companhias de cruzeiros que nos tentam aliciar de todas as formas, umas mais simpáticas do que outras, algumas até oferecem entradas grátis nas caves com oferta de degustação, é escolher com cuidado, nós optamos por esta…

http://viadouro-cruzeiros.com

São muitas as ofertas de cruzeiros disponíveis, depende do tempo disponível e do outro “tempo” que se possa despender para o percurso…

Algumas opções incluem refeição a bordo

    

Nós terminámos o passeio fluvial e fomos almoçar numa tasquinha junto á ribeira, igual a muitas outras.

Ao passearmos pela praça dos aliados a procurarmos um local para o café descobrimos o “Café Guarany”

Por agora foi só o café e o pastel de nata…

Mas ficámos rendidos ao serviço e ao ambiente que se sente neste café.

Inaugurado em 1933 evoca no mural que adorna a sala os índios do Paraguai, Paraná e Uruguai, numa alusão ao Brasil como primeiro produtor mundial de café. Foi o primeiro café do Porto a ter música ao vivo, e hoje após uma recuperação cuidada, essa tradição é mantida, mais um dos motivos que certamente nos levará a regressar a este espaço, numa próxima visita á cidade do Porto.

http://www.cafeguarany.com/pt/Utilidades/Homepage.aspx

Nas nossas andanças pelas ruas desta cidade fomos encontrando muitas lojas do mercado tradicional fechadas… mas algumas deram a volta á situação económica difícil que se vai vivendo, com a remodelação de toda a sua estrutura comercial, como é o caso de uma antiga loja de uma fábrica de atoalhados muito conhecida no norte, que remodelou a loja e agora também oferece recordações e muitos produtos completamente fora do seu negocio habitual, procurando cativar novas clientelas. De notar que toda a decoração original da loja se mantém, foi recuperada e agora podemos comprar artigos do século XXI, num ambiente do principio do século passado.

   

 Por aqui perto, na Rua das Carmelitas, fica outra visita incontornável para quem se desloca á cidade invicta, a “Livraria Lello e Irmão”.

                   

Considerada como uma das mais belas livrarias do mundo, pelo seu valor histórico e artístico, o seu passado remonta a 1869 quando um francês, Ernesto Chardron, fundou uma editora que teve o privilegio de ser a primeira a publicar grande parte das obras de Camilo Castelo Branco. A sua história continua cheia de vicissitudes até 1906, ano em que se inaugura o atual edifício segundo um projeto de engenheiro Francisco Xavier Esteves. Mas tão importante como o seu passado é percorrer as suas estantes repletas de grandes obras da literatura universal, e contemplar a estrutura do edifício tão singular e deslumbrante.

Estava na altura de voltarmos ao autocarro de turismo, para nos dirigirmos ás Caves do Vinho do Porto em Gaia.

Mas antes, assagem pelo “Oceanário Sea Life”, Matozinhos, Foz…

   

   

 

E chegada ás caves, o bilhete, a marcação… já tínhamos feito, estava incluída no preço do passeio fluvial da manhã

Tantas pipas, tanto vinho, tantas explicações… para nós estava tudo bem até as provas finais foram a contento!

Copos vazios, e lá fomos de novo para a paragem do autocarro de turismo, para regressar ao Porto, é que aquilo das provas tinha aberto o apetite, e para terminar este dia, tinha de ser com uma “Francezinha”!

Depois de muitas consultas a especialistas desta matéria, muita discussão e argumentação, lá se chegou a consenso ia ser na Rua da Arménia, no “Restaurante Verso Em Pedra”

Logo á entrada o desafio era de monta…

    

Pensámos… Pensámos…  bom, o único corajoso era Eu, mas achei melhor não entrar no desafio e regressar á autocaravana sem ter de passar pelo “São João”!!!

Venha então a que fica abaixo na escala…

Aquele pimento espetado na francesinha… Hum não era grande presságio…

Algumas imperiais tiveram de ir abaixo para dar cabo daquilo, valeu a pena, mas tão cedo não me meto noutra!!!

Qualidade ótima e preço certo, a guitarra ficará para outros… heróis.

Agora era tentar regressar á autocaravana, as cores do por do Sol já se iam misturando com o sono retemperador de tantas andanças, e depois tínhamos, mais viagens á nossa espera…

FIM