CARTAXO – TORRES NOVAS – GOLEGÃ

CARTAXO – TORRES NOVAS – GOLEGÃ

CARTAXO – TORRES NOVAS –  GOLEGÃ

A chegada do Inverno estava para breve, e os dias de chuva estavam a chegar,  mas os três dias que tínhamos para esta saída com a autocaravana, prometiam um sol de Outono radioso, as baterias do veiculo estavam carregadas e estava na altura de “carregarmos” as nossas, para os dias cinzentos que por aí vinham…

O destino principal da viagem seria a Golegã, vila que sempre nos tem recebido bem pela feira do Cavalo ou de São Martinho, mas que pelo numero de visitantes que a ela acorrem, e pela animação que enche as suas ruas, não nos possibilita uma visita, onde se possa descobrir a verdadeira Golegã.

Deixámos a residência fixa depois do almoço, e a primeira paragem foi no Museu Rural e do Vinho do Cartaxo.

Autoestrada A1 até ao Carregado, saída para a nacional direção Santarém, e pouco depois estávamos a estacionar no amplo parque do Complexo Desportivo e Cultural da Quinta das Pratas.

Neste espaço podemos encontrar para além do Museu, as piscinas municipais, boa opção para dias mais encalorados, um complexo desportivo com várias valências, área de lazer com um espaço ajardinado, e serviço de cafetaria.

Um pequeno passeio para desentorpecer as pernas, e fomos visitar o Museu.

http://www.cm-cartaxo.pt/Viver/Cultura/EquipCulturais/MuseuRuralVinho/..

O Museu está instalado numa antiga propriedade agrícola, A Quinta das Pratas, adquirida pela Câmara Municipal em 1977. Após o falecimento do seu antigo proprietário, perdeu-se a exploração agrícola, mas  ganhou-se um espaço de lazer e de preservação das memórias das gentes do Cartaxo.

Nas salas contiguas á recepção, podemos encontrar uma mostra de artigos ligados ás lides equestres.

Os artefactos expostos, apresentam as iniciais “DO” da extinta casa agrícola,  Manuel Duarte Oliveira, a quem a Câmara Municipal comprou todo o espólio. Ao percorrermos os expositores, vamos compreendendo

um quotidiano que está ainda tão próximo dos nossos dias, mas que rapidamente vamos esquecendo.

    

Não sabemos se será das águas do Cartaxo, ou terá outras causas… mas a Sra. Celestina, funcionária do museu que nos acompanhou na visita, continua igual na aparência e simpatia que conhecemos, quando em 1986 visitámos este espaço, logo a seguir á sua inauguração.

No museu está recreada uma taberna, onde se pode fazer a prova dos vinhos da região

A degustação teria de ficar para outra altura, a condução da autocaravana a isso obrigou, e continuámos a visita agora por espaços onde se lembram os artefactos e quotidianos da vida agrícola.

       

 Numa antiga adega restaurada, está patente toda a história da produção do vinho, desde a plantação do bacelo, vindima, pisa… ao seu armazenamento e conservação.

     

A visita termina na antiga casa senhorial da quinta agrícola, e com o Sol a baixar no horizonte estava na altura de continuar a viagem.

Os dias de Inverno são curtos e rapidamente chegou a noite, decidimos ir dormir a Santarém, local habitual de pernoita, que por ser muito perto do centro da cidade, permitiu que se visitasse o comercio tradicional na procura de algumas prendas para a quadra festiva que se aproximava.

N 39° 13’ 49´´

W 08° 41´17´´

Estas são as coordenadas do estacionamento em Santarém junto á Casa do Campino, mesmo em frente temos uma padaria/pastelaria, a “Pani-Tejo”, muito útil para o pão fresco do pequeno almoço.

Continuámos a viagem na direção de Torres Novas pela estrada nacional, passando pela vila de Pernes, onde se pode pernoitar junto ao Quartel dos Bombeiros e visitar as quedas de água, local interessante, como não tem chovido, fica para uma passagem em que haja mais caudal no rio Alviela. Chegámos a Torres Novas onde estacionámos no local habitual junto ao rio Almonda.

N 39° 28´34´´

W 08° 32´09´

Costumamos estacionar neste local durante a visita á Feira Medieval que acontece pelo mês de Junho nesta localidade, convém chegar de manhã cedo…

Torres Novas é concelho desde o inicio da nossa nacionalidade, com o primeiro foral dado em 1190 por D. Sancho I, mas já os romanos consideravam estes domínios como muito importantes para a produção agrícola. A visita começou pela Praça 5 de Outubro, o centro da cidade onde se destaca de imediato o Castelo, a sua visita ficará para mais tarde.

Fomos percorrendo as ruas ao acaso, descobrindo pormenores que chamavam a nossa atenção, como este painel de azulejos com cenas da vida de outrora.

                                                   

Das Igrejas de Torres Novas houve uma que destacamos. Inserida “ Na Rota da Talha Dourada” a Igreja de Santiago, terá sido mandada construir por D. Sancho I, para substituir uma capela erigida por D. Afonso Henriques.

Com um rico interior artístico, realçamos a Capela dos Lavradores onde um cristo crucificado, completa uma exuberante decoração barroca.

A cidade tem muitos motivos de interesse e percorremos as ruas na direção do castelo

 

O castelo numa posição central e dominante sobre a vila é um local de visita obrigatório.

Um passeio que circunda o pano de muralhas, permite apreciar melhor a dimensão e imponência desta estrutura militar.

           

As vistas sobre a cidade e os arredores, merecem uma pausa na visita.

                   

 No inicio da nossa nacionalidade, a posse do castelo terá alternando entre as forças em confronto conforme o avanço e recuo da fronteira, e terá ficado definitivamente na posse de D. Afonso Henriques em 1148.

Denominada á altura por “Turris” foi ampliada pelo soberano e a nova urbe que cresceu á sua volta, terá acrescentado à sua toponímia a designação “Novas”, para se diferenciar de Torres Velhas (Torres Vedras) ficando a designar-se por Torres Novas.

O seu passado merece uma pesquisa, para melhor se compreender a sua importância militar e social.

castelosportugal.blogspot.pt

Torres Novas cresceu junto ao rio Almonda, e se no inicio a agricultura beneficiou com as águas que corriam no seu leito, mais tarde no inicio do séc. XIX com a industrialização, foi fundamental para providenciar energia ás fábricas locais.

Muito importantes na economia local até quase ao fim do séc. XIX, as unidades industriais que aqui se instalaram, nomeadamente em 1783 a fábrica de chitas, depois as de papel, fiação, metalurgia e curtumes, viriam a traduzir-se em elementos de grande aumento da população operária Torrejana.

Ainda hoje, mesmo com a mudança dos métodos de produção, consumo e deslocalização dos meios de produção, passear pelas ruas desta cidade permite compreender como a “Roda do Tempo” vai mudando a nossa sociedade.

Estava próxima a hora de almoço, e segundo o conselho de alguns autóctones com quem fomos conversando durante a visita, podíamos experimentar o restaurante “Churrasqueira Sal e Brasa”.

Localizado no Edifício Açude Real, junto ao rio, cumpriu bem a sua missão e o menu do dia a 7.50€ por pessoa, faz com que seja  um local a recomendar.

Café tomado nas esplanadas da Praça 5 de Outubro e fomos visitar o Museu Municipal de Torres Vedras

          

Localizado no Largo do Salvador, foi fundado em 1933 por Gustavo Lopes, e chamado  de Museu Municipal Carlos Reis desde 1942, em homenagem a este grande pintor torrejano.

Do seu acervo fazem parte achados pré-históricos, muitas peças do período romano recolhidas na Vila Cardílio, peças de arte sacra e uma vasta coleção de pinturas de Carlos Reis.

       

Todos os objetos expostos merecem atenção, e a forma como estão expostos e o seu enquadramento no contexto da época a que pertencem,

tornam esta visita muito agradável para todas as idades e interesses.

Mas foi na obra de do pintor naturalista Carlos Reis que mais se centrou o nosso interesse. A forma notável como transmitia luminosidades, e as suas pinturas do quotidiano, são um notável exemplo da pintura portuguesa e um vivo retrato da época em que viveu ( 1863-1940).

O tempo voava e regressámos á autocaravana para nos dirigirmos ás ruinas romanas de Vila Cardílio.

Ficam localizadas a 3Km de Torres Novas, sair  da cidade na direção do supermercado Continente e seguir sempre em frente até encontrar o amplo parque de estacionamento em frente ás ruinas. Estada com bom acesso, e bem sinalizada.

Nestas ruinas romanas de uma casa agrícola, podemos visitar o que resta das termas e do seu sistema de aquecimento, e os restos das instalações habitacionais com mosaicos de muito interesse figurativo.

     

 A nossa viagem continuou por este fim de tarde, até ao Parque de Campismo da Golegã.

Nas visitas anteriores à Golegã, ficámos sempre em “estacionamento livre”, e com a confusão da Feira, nem nos conseguíamos aproximar do parque de campismo, mas agora que a paz pairava sobre a vila, decidimos estacionar no conforto do parque e aproveitar as excelentes condições que este oferece… e a sua rede de Wi-Fi disponível em todo o recinto.

As luzes urbanas começavam a aparecer, e antes de jantar ainda tivemos tempo para percorrer os locais que conhecíamos tão cheios de vida e que agora davam uma sensação de calma, para nós, desconhecida nesta vila.

   

O parque de campismo fica situado mesmo no centro da vila, junto ao Quartel de Bombeiros, tem preços corretos, uma agradável sala de convívio, o aluguer de bungalows, e com as excelentes condições que oferece, pode ser um local de encontro entre autocaravanistas e amigos “turistas”, para visitar a Vila da Golegã, fazer um batismo de equitação, e partir á descoberta da Reserva Natural do  Paul do Boquilobo. Tudo fica perto até o posto de turismo que dará as informações e contactos necessários.

Nós começámos o dia seguinte, com a visita ao “Templo da Fotografia” a Casa-Estúdio Carlos Relvas

www.casarelvas.com

Um abastado proprietário agrícola, exímio cavaleiro e toureiro amador, praticante do jogo do pau, excelente atirador de carabina e pistola tudo isto e muito mais seria Carlos Augusto Relvas de Campos, mas seria pela sua atividade de fotografo amador, que ficaria conhecido no país e estrangeiro. A sua paixão por esta arte, levou a que mandasse construir entre 1871 e 1875 este Chalét, como é conhecido na Golegã, com o fim de ser um estúdio e laboratório de fotografia, onde ensaiou técnicas percursoras para a sua época. Retratando notáveis com quem convivia, mas também as gentes simples da sua terra, paisagens de lugares exóticos das muitas viagens que fazia, experimentando técnicas inovadoras de revelação no seu laboratório, Carlos Relvas foi ganhando o reconhecimento internacional, como atestam os muitos prémios que recebeu.

A Casa-Estúdio rodeada de um bonito jardim romântico, é também ela um exemplo de grande valor da arquitetura do ferro.

                        

A visita sempre acompanhada por um guia começa com uma apresentação multimédia, onde o “próprio” Relvas, vai falar sobre a sua vida e obra…Depois percorremos os salões destinados ao lazer, os estúdios que beneficiavam da luz natural através de grandes espaços vidrados, e mesmo o antigo laboratório. Terminamos onde começámos, na zona da recepção aos visitantes, onde uma pequena loja oferece artigos relacionados com  fotografia.

Muito fica por descrever desta visita, mas espero que as imagens e a pesquisa pela net, leve a que as vossas autocaravanas vos tragam por estas paragens e visitem algo que é único no mundo e que tão bem preservado está.

Nós continuámos a nossa visita á Golegã na direção do edifício da Biblioteca Municipal, onde iriamos visitar o Museu Municipal da Máquina de Escrever.

A Máquina de Escrever… nossa companheira de trabalho por tantos anos, e agora já peça de museu… “Ainda me lembro do tempo” em que quando visitava os museus, encontrava peças que tinham tido uso á séculos ou milénios, agora já visito museus com peças mais novas do que eu… É a voragem dos tempos em que tudo se deprecia tão rapidamente, e algo que é tão importante agora, amanhã já perde a sua dignidade e função. Mas vamos á visita…

Somos recebidos pela recreação de um posto de trabalho do dactilógrafo

que logo desperta a nossa atenção, para este museu que com uma coleção de mais de 300 máquinas de escrever, nos mostra exemplares fabricados em todo o mundo.

O objectivo deste museu é dar a conhecer máquinas produzias  por diversos fabricantes, e com origens em vários países da Europa, América e Ásia, a coleção abrange os séculos XIX e XX.

Com pelo menos uma máquina de escrever de cada década desde 1880, permite fazer uma leitura da evolução tecnológica deste utensílio que tão importante foi na sociedade do século XX.

A visita feita com o acompanhamento da Dr.ª. Evira Marques, responsável pelo museu, que com a sua simpatia e conhecimentos, ia enriquecendo o património exposto, fez com que nos esquecêssemos do passar do tempo, mas a visita por muito agradável que fosse, tinha de terminar que o almoço estava próximo. Despedimo-nos do dactilógrafo e fomos procurar um restaurante.

Só um pormenor… reparem na estrutura do Edifício da biblioteca, na sua construção está incluída a cortiça, é possível observar a forma como este material foi incorporado nas paredes através de painéis que expõem o seu interior.

Não foi preciso andar muito para encontrar um bom restaurante, logo ao sair da biblioteca virámos á esquerda e na mesma rua, um pouco mais á frente fica o “ Restaurante Adega O Cu da Mula”

Servem boa comida tradicional portuguesa, Ensopado de enguias, migas, e outros… nós um coelho á caçadora, estava no ponto, bom vinho e um preço de 10€ pessoa refeição completa. 

A visita estava a terminar, demos um passeio pelas ruas da Golegã…

 

    

 E fomos visitar o Equuspolis

Situado junto á Lagoa da Alverca na denominada horta da Baralha, mas ainda dentro da estrutura urbana da vila, o Equuspolis é um projeto cultural que alberga entre outras valências, um museu, e galeria de arte onde o cavalo é o principal sujeito, ou não estivéssemos nós na “Capital do Cavalo” . A visita começa com um diaporama que nos leva por uma digressão em 3D pelo Concelho da Golegã. Seguimos a visita por um espaço onde se fala sobre a história do cavalo e a sua ligação ao homem.

Muito curiosa e quase que por si só valerá a visita, é uma reprodução em tamanho natural daquele que terá sido o primeiro cavalo

Muita e interessante é a informação sobre os equídeos que se pode obter com esta visita e convido que a façam numa próxima passagem por esta vila.

As exposições permanentes de escultura com motivos equestres e da lide do gado bravo são de grande valor artístico.

No primeiro andar podemos ver uma extensa exposição sobre a arte do mestre Martins Correia, nascido na Golegã e um dos maiores artistas plásticos do século XX.

Aproximava-se a hora do regresso, e um pequeno passeio pelo espaço ajardinado envolvente do Equuspolis, permitiu observar áreas interessantes para o estacionamento da autocaravana…

Foi já num passo apressado que nos dirigimos para a Igreja Matriz da Golegã

    

 Construída no inicio do século XVI tem um pórtico principal em estilo manuelino que merece a nossa atenção

Pineis de azulejos que requeriam mais tempo para serem admirados… mas o serviço religioso que esta prestes a começar

           

Fez com que a saída fosse mais rápida do que gostaríamos…

E a figura de Manuel dos Santos que no seu pedestal de grande matador de touros, recebia os últimos raios de sol, deixou em nós uma forte vontade de em breve regressar á Golegã e continuar a visita a esta tão simpática vila.

FIM