
PELA EXTREMADURA
ESPANHOLA
JEREZ DE LOS CABALLEROS – ZAFRA – MÉRIDA GUADALUPE – TRUJILLO – PLASENCIA – CÁCERES
O Inverno não estava tão rigoroso como seria de esperar. A meteorologia indicava que os dias que se aproximavam, iriam ser de Sol, estava na altura de por o motor da autocaravana a trabalhar e ir para a estrada.
Decidimos ir para o sul de Espanha.
Inicialmente, partimos sem um destino definido, iriamos esperar que fosse a estrada a despertar a nossa curiosidade…
Foi assim, que acabamos o primeiro percurso em Évora, no local habitual de estacionamento e pernoita, o largo do Rossio, lugar de feiras e mercados da cidade, mas que proporciona fora das datas festivas, um agradável local para se estacionar as autocaravanas, muito próximo do centro da cidade.
N 38° 33’ 58’’
W 7° 54’ 30’’
Como chegamos a Évora pelo fim da tarde, decidimos aproveitar para passear pela cidade. Há sempre algo para se descobrir nesta cidade!
O dia terminaria com uma visita à loja da “Rota dos Vinhos do Alentejo”.
Situada na Praça Joaquim António de Aguiar número 20, no centro de Évora, muito perto do restaurante, o Fialho, oferece a possibilidade de provas dos vinhos Alentejanos e de se ficar a saber muito mais sobre a sua produção. Podem ser marcadas visitas ás adegas produtoras.
Aproveitamos para reforçar a “adega” da autocaravana, com algumas garrafas ,que estavam com preços muito convidativos. A noite, talvez embalada pelos vapores etílicos, foi passada num sono profundo.
O segundo dia de viagem, seria ocupado a passear por Évora e decidimos dedicar grande parte do tempo à visita da Fundação Eugénio de Almeida. Vamos então até lá…
Esta cidade Património Mundial merece sempre uma visita, descubram o Chafariz das Portas de Moura, construído em mármore da região, com a curiosa esfera de onde saem quatro bicas de água para consumo humano, e o tanque para uso animal.
Janelas manuelinas que se encontram ao percorrer as ruas de Évora…
Do parque de estacionamento onde estavam as autocaravanas, é sempre a subir as ruas empedradas, até chegarmos ao ponto mais alto da cidade onde se situava o antigo castelo onde agora encontramos a Fundação Eugénio de Almeida.
Nesta visita fomos recebidos pela D. Ana, colaboradora da fundação à muitos anos, que com a sua simpatia e conhecimentos, nos fez descobrir uma família, que apesar da grande fortuna que soube amealhar, nunca descurou, a obra social em que foi pioneira. Em muito contribuíram, para o desenvolvimento e inovação agrícola do território alentejano.
Também a divulgação e promoção da cultura nas suas várias vertentes, ocupou um lugar importante na história desta família.
Fundada por Vasco Maria Eugénio de Almeida em 1963, a fundação reflete a filantropia e o mecenato, com uma grande sensibilidade para as áreas educativas e sociais, que foram apanágio da vida do seu fundador.
No início da visita podemos ver um vídeo sobre a família e alguns objetos do seu quotidiano, que permitem perceber a forma de vida desta classe social no século passado.
Continuamos a visita pelo Páteo de São Miguel, local de muitas ocupações marcantes da história da cidade de Évora e residência da família.
Muito poderíamos descrever desta visita que aconselhamos, mas mais interessante, será consultarem o site da Fundação.
www.fundacaoeugeniodealmeida.pt
Será certamente um complemento, para os conhecimentos e simpatia dos guias da vossa visita.
Fomos percorrendo as salas do Paço de São Miguel, com origens no período Romano-Visigodo, mais tarde Alcácer mourisco e que depois de muitas atribulações onde não faltaram a presença de grandes vultos da história de Portugal, foi transformado na residência familiar.
Aqui ficam os nossos agradecimentos ao pessoal da fundação que nos possibilitou a visita sem marcação prévia e que tanto contribuíram para transformar esta manhã num dos pontos mais interessantes desta viagem… e Évora aqui tão perto…
Estava na hora do almoço que iria ser no Restaurante São Domingos na rua das Amas do Cardeal, os “Pézinhos de Coentrada”, esperavam por nós. Ainda tivemos tempo para visitar no edifício da câmara de Évora, as ruínas das termas romanas.
Construídas entre os séculos II e III da nossa era, foram descobertas em 1987 durante escavações na parte antiga do edifício da câmara, poderão ter sido o maior edifício público da Évora Romana.
Hoje podemos visitar o Laconicum, uma sala circular revestida com placas de mármore e que era usada para banhos quentes e de vapor. Certamente muito mais se esconde por entre as fundações destes edifícios pois sempre que por aqui se escava se encontram vestígios do passado.
O restaurante mais uma vez cumpriu com uma refeição tipicamente alentejana servida em quantidade e qualidade. Café tomado numa das esplanadas da Praça do Geraldo e fomos continuar a nossa visita à Fundação Eugénio de Almeida, agora iriamos visitar o Fórum, vocacionado para ações artísticas e culturais, localizado junto ao Templo de Diana.
Visitámos as exposições de arte moderna, sempre interessantes, nem que seja, pela polémica que geram, na sua interpretação…
E não podemos deixar de mais uma vez olhar para os frescos quinhentistas das Casas Pintadas.
As decorações da galeria do jardim do antigo Palácio da Inquisição, que servia de residência aos juízes do Santo Oficio, são um exemplar único da pintura palaciana da primeira metade do século XVI.
Se puderem participar numa visita guiada, a interpretação das figuras e o seu contexto, será muito enriquecida, algo a não perder numa visita a esta cidade Património da Humanidade.
Para nós terminava por aqui a visita, regressámos à autocaravana, para nos dirigirmos à área de serviço localizada no Inter-Marché de Évora.
N 38° 33’ 9’’
W 7° 54’ 46’’
O destino para esse final de dia seria a vila de Monsaraz.
Estacionamento no local reservado para parqueamento de autocaravanas, não tem área de serviço, esta fica no inicio da subida para o castelo, na antiga estrada para Reguengos
N 38° 26’ 33’’
W 7° 22’ 46’’
A paisagem sobre a barragem do Alqueva é fantástica!
Fim de tarde com um passeio pela vila, que nesta altura do ano tem poucos turistas… acabamos por ficar com Monsaraz só para nós.
Não percam o pequeno Museu do Fresco, mesmo no centro da vila junto á igreja, onde podem admirar uma pintura do século XV representando uma alegoria da justiça terrena. Está nas paredes de um edifício com referencias documentadas a 1362…
No mesmo espaço, uma exposição sobre a vida rural no Alentejo, levou-nos a refletir sobre as grandes mudanças sociais após o 25 de Abril.
Jantar na autocaravana e passeio noturno pelas ruas desertas da vila de Monsaraz.
Pela manhã a viagem seguiria a caminho do museu do medronho em Alqueva.
De iniciativa particular, esta unidade turística engloba uma área de exposição, fabricação e venda, de produtos derivados do medronho
Para os apreciadores dos produtos destilados deste fruto, a bela aguardente de medronho, que não tem nada a ver com as aguardentes vinícolas. Devem fazer uma visita a este museu, sempre que se desloquem por estas paragens. Eu não falho!!!
Um pouco de ciência fica sempre bem numa viagem…venham aprender tudo sobre o Arbutus unedo L., nome científico do medronheiro.
Depois desta pausa cultural, seguimos pelas estrada que bordeja a barragem do Alqueva até á vila de Mourão. Estacionamento no local habitual e visita ao castelo antes do almoço.
N 38° 22’’ 55’’
W 7° 20’ 22’’
Situada na margem esquerda do Guadiana, já muito próximo de Espanha, a Vila de Mourão foi palco de confrontos violentos entre as forças Castelhanas e Portuguesas. Hoje reina a paz de espírito que convida a outros confrontos…
Na Adega Velha, restaurante de boa comida alentejana, onde nos confrontamos com pratos de comida regional, onde os grandes tintos e o Cante Alentejano aparece de forma espontânea junto ao balcão de entrada, nos levam pelos prazeres do espírito e do físico.
Rua Doutor Joaquim José Vasconcelos Gusmão…qualquer pessoa que encontrem pela rua, logo indicará o caminho…
E Espanha ali mesmo ao lado, vamos lá passar a fronteira e começar a viagem por terras dos “nuestros vecinos”.
Na primeira vila, Vilanueva Del Fresno, paragem para comprar uma bilha de gás. Mais de dez euros de diferença no preço. Próxima paragem… numa vila que foi arrasada pelos portugueses durante a Guerra da Restauração… Higuera de Vargas…bom, é melhor ir seguindo viagem, pode haver por aí alguém que ainda se lembre…
Jerez de Los Caballeros, seria o nosso destino desta tarde. Estradas com muito bom piso, bonitas paisagens e já nos sentíamos bem por terras espanholas.
Numa visita pela vila, logo se destaca a Igreja de São Bartolomeu com o seu revestimento de cerâmica que brilhava sob o sol de inverno.
Estavamos muito próximo da Semana Santa e iriamos encontrar as igrejas a serem preparadas para as festividades da Páscoa.
Jerez de los Caballeros já é habitada desde a Pré-história, muitos povos ocuparam estes territórios e a cidade é testemunha pelos seus edifícios e ruas muito estreitas e acidentadas, da presença visigótica e muçulmana.
Cuidado para não entrarem com as autocaravanas na parte histórica, usem sempre a estrada de circunvalação e evitarão muitos problemas.
Em 1230, com a ajuda dos templários, Afonso IX conquistou a cidade e Xeris como era conhecida no período árabe, entrou no período cristão. Com a dissolução da Ordem do templo em 1312 por bula do Papa Clemente V, estes domínios que eram dos templários, passaram para a corte. Conta-se que estes terão resistido e no fim foram passados pelo fio da espada na torre que ainda hoje mantém o nome de Torre Sangrenta.
Muita história envolve o castelo a que todas as ruas conduzem.
Pelos dias de hoje é muito agradável passear pela antiga mouraria e ruas da vila, descobrindo recantos cheios de interesse e pitoresco.
A autocaravana tinha ficado estacionada, num dos poucos locais minimamente planos desta localidade, perto da estrada de circunvalação.
N 38° 19’ 5’’
W 6° 46’ 11’’
Existe um parque de estacionamento para autocarros na estrada principal que a atravessa, pode ser uma alternativa para se passar a noite.
Existe uma báscula publica nesta localidade, mesmo junto aos bombeiros. Aproveitámos para pesar a autocaravana… 2€.
Para já…nada de preocupante, mas pensámos que a proximidade do limite de peso permitido, se devia ao stock do etílico!
O melhor será… começarmos já por vazar os depósitos do tinto!!!
Seguimos viagem para Zafra.
A cidade de Zafra tem à disponibilidade dos autocaravanistas uma área de serviço para autocaravanas. Localizada muito próxima do centro histórico torna a visita à cidade muito fácil. Instalada junto ao recinto da “Feria Internacional Ganadera”, pode ser difícil a utilização da área durante a feira que se realiza durante a Feria de San Miguel em Outubro.
A área fica junto a uma estrada de acesso à cidade e tem um supermercado mesmo em frente, o posto da policia local fica a 20m e foi à porta deste que estacionámos. Menos ruído e mais calmo pela noite a área ficaria cheia de autocaravanistas em viagem para o sul…
N 38° 25’ 33’’
W 6° 24’ 42’’
Para visitar a cidade podemos começar pelo posto de turismo localizado na Plaza de España, próximo da área de serviço, depois seguir pela Calle Sevilla que começa numa das antigas portas da muralha que defendia Zafra, La Puerta de Sevilla. Esta rua leva-nos ao centro social da cidade a Plaza Grande.
Por aqui se passava tudo o que interessava à cidade, festas, mercados, reuniões sociais. Hoje, o enquadramento dos seus arcos torna esta praça um dos lugares mais turísticos de Zafra. Mas se esta é a Praça Grande, certamente haverá uma Praça Pequena… passemos pelo arco chamado Arquillo del Pan e vamos descobrir a joia da Zafra… a Plaza Chica
Antigo mercado árabe, conserva uma ambiência muito particular, onde os bares e restaurantes de hoje, ocupam os lugares das antigas lojas e albergues do passado. Muitas são as curiosidades que encontramos nesta praça. Procurem num dos pilares das arcadas a “Vara de Zafra” uma gravação com 83cm que definia uma medida usada pelos comerciantes que por aqui assentavam as bancas.
Continuamos o nosso passeio pela cidade, visitando as Igrejas que nos tinham aconselhado no posto de turismo e percorrendo as típicas calles de traçado medieval.
“-Olha aqui está uma lápide com uma inscrição curiosa…”
Ao transpormos uma das portas da antiga muralha que circundava Zafra, fomos surpreendidos por algo que para nós era inusitado…
Pelas festas e romarias na nossa terra, vai sendo cada vez mais difícil encontrar quem se disponha a levar os andores, sendo muitas vezes necessário o seu transporte em veículos dos bombeiros. Pois por aqui, os jovens não se fazem rogados e cada andor conta com mais de vinte costaleros para o seu transporte.
Estavam em pleno ensaio do movimento da estrutura do andor, para as festividades da Semana Santa. Só para sair da Igreja e descer os degraus do acesso… eram muitos os pequenos passos necessários para manter o equilíbrio…
E lá seguiram pelas estreitas ruas da parte histórica da cidade, cumprindo diligentemente as ordens do membro da confraria, o capataz que será responsável pelo movimento do andor, pois como este irá coberto com pesados veludos, quem suporta todo o peso, segue ás cegas.
Esta era a confraria do Convento Del Rosario, que fomos visitar, e onde podemos apreciar os andores a serem preparados para as procissões
Terminamos a nossa visita passeando pela cidade, espreitando os pátios interiores das habitações, oásis de calma e beleza que se escondem por detrás de pesadas portas.
Regressamos à autocaravana de novo pela Plaza de Sevilla e ainda tivemos tempo para visitar o Convento de Santa Clara, que continua devotado a vida religiosa, mas que encerra um museu sobre as origens desta cidade que tantas e agradáveis recordações nos deixa.
Aproveitamos o supermercado em frente da área de serviço para umas últimas compras, jantamos na autocaravana e um elemento da policia local veio-nos informar que…
“-Puede aparcar aqui, no tiene ningún problema.”
Era tudo o que precisávamos ouvir para uma noite tranquila.
No dia seguinte, iriamos procurar um lugar para estacionar na cidade de Mérida.
Chegámos á cidade de Mérida e procurávamos um lugar para estacionar a autocaravana. Duas opções digamos… mais clássicas, seriam ou o Parque de Campismo à saída da cidade, longe para as deslocações ou o Parking Hernan Cortés muito próximo do centro histórico, mas pago.
N 38° 55’ 9’
W 6° 20’ 10’’
Não temos nada contra os parques pagos e muitas vezes são uma boa opção, mas este inverno estava com um Sol tão bonito que optamos por estacionar numa rua simpática, calma e sem parquímetros.
N 38° 54’ 59’’
W 6° 20’ 00’’
Calle Poeta Deciano, mas não contém a ninguém…
Esta é uma cidade considerada Património da Humanidade, tão perto da nossa fronteira, mas tão mal conhecida pelos companheiros que por ela passam a caminho de outras paragens.
Mérida Romana, Visigoda e Àrabe até ao século XII, Medieval e Moderna até ao século XVIII, Contemporânea e Atual desde o século XIX. Poderíamos descrever muitos factos históricos relacionados com esta cidade, mas iremos deixar à vossa curiosidade o descobrir esta Mérida Monumental.
O estacionamento ficava muito próximo do Anfiteatro e Teatro Romano. Vamos comprar o bilhete para a visita.
“-Atenção!!! O bilhete de 12€ dá entrada nos principais monumentos, não o percam, vai ser preciso nos outros locais a visitar…”
Reparem no friso que circundava a arena e impedia os animais selvagens de saltarem para as bancadas.
Estas ruinas são grandiosas e fazemos nós tantos milhares de quilómetros para ver algo parecido em Itália.
O Museu Nacional de Arte Romano, mesmos junto ás ruinas do Anfiteatro e do Teatro merece uma demorada visita. O seu acervo é resultante das muitas escavações arqueológicas pela cidade de Mérida.
Continuamos a visita passando pelo antigo mercado municipal a caminho do posto de turismo. Pessoal simpático no atendimento, que facultou a documentação necessária para melhor se entender os monumentos que íamos visitando.
O Templo Diana que curiosamente alberga no seu interior um antigo palácio renascentista, uma das muitas ocupações que têm acontecido neste local .
Pausa para saborear uma San Miguel, a cerveja espanhola numa das esplanadas da Plaza de España.
O clima está mesmo estranho, em pleno mês de Fevereiro no centro da Peninsula Ibérica e…
O dia estava a terminar mas ainda deu para visitar a Moreria, espaço que se situava fora das muralhas que circundavam a cidade de Mérida e onde terão vivido os mouros depois da ocupação cristã. Estas habitações foram construídas sobre edificações romanas e nos dias de hoje estão por debaixo de um edifício de habitação!
Durante a construção deste imóvel foram postos a descoberto estes testemunhos do passado, a solução foi construir o edifício sobre pilares,
permitindo a visita do espaço arqueológico. Não deixem de admirar a calçada Romana, e em especial um local, em que teria havido uma “rotunda” com uma pedra no centro, para diminuir a velocidade da circulação das carroças!!!
Este dia terminava por aqui. Regressamos à autocaravana para o jantar e uma noite tranquila. No dia seguinte continuaríamos a visita a Mérida.
A noite tinha sido tranquila, o local para estacionamento na cidade de Mérida tinha pouco movimento. Pela manhã apercebemo-nos da circulação dos automóveis, com os habitantes que saiam para os seus afazeres.
Decidimos que a primeira visita do dia seria o Monumento del Alcazaba
Construída no ano 835 pelo emir Abd-ar-Rahman II de Córdoba, com o intuito da defesa da cidade. Foi edificada usando pedras das Muralhas Romanas e parte das edificações Visigóticas.
Localizada junto ao rio e, aproveitando o dique erigido pelos Romanos, os Árabes construíram um dos edifícios mais interessantes da Alcazaba. Um Algibe que permitia o abastecimento de água continuo ao castelo. Uma obra de engenharia árabe muito interessante e que vos convidamos a descobrir numa vossa visita a Mérida.
Continuámos a visita pela cidade admirando as típicas ruas.
Aproveitando o bilhete que abria as portas dos muitos locais a visitar…
A Casa de Mitreo, situada junto á Praça de ouros, é o espaço arqueológico de uma casa agrícola romana, com os banhos, dependências agrícolas, e um espaço social bem conservado, onde se podem ver pavimentos romanos e alguns frescos murais.
Olhando para o mapa que nos tinham fornecido parecia tudo perto, mas aconselhamos a que organizem bem a vossa visita, porque as distancias são longas, por exemplo queríamos visitar o antigo Circo Romano e…estava do outro lado da cidade.
Mas vale a pena visitar o circo. Tem um centro de interpretação com painéis explicativos de tudo o que se passava neste espaço de espetáculos romano e um vídeo permite inserirmo-nos na atmosfera das corridas de quadrigas.
A visita estava a chegar ao fim, passámos pelo Arco de Trajano.
Dirigimo-nos à Plaza de España para um ultimo café e prepararmos a visita do dia seguinte. Seguiríamos para Guadalupe.
Na estrada para Guadalupe decidimos fazer um pequeno desvio pela vila Dom Benitoque está equipada com área de serviço para autocaravanas.
N38° 57’ 45’’
W 5° 51’ 47’’
Apenas mudámos as águas, curiosamente não encontrámos o ponto de esgoto para a cassete química. Deve estar por lá, mas como não havia necessidade de vazar, seguimos viagem.
Chegada a Guadalupe e estacionamos num parque à entrada da vila.
N 39° 27’ 8’’
W 5° 19´ 50’’
A área de estacionamento tem um ponto de água à saída a subir á direita num pequeno chafariz. Pode ser útil, existe também um supermercado no largo à saída à direita do estacionamento.
Depois de feito o reconhecimento do local de pernoita, fomos visitar o Real Mosteiro de Guadalupe.
Por finais do século XIII, um pastor de Cáceres terá encontrado nas margens do rio Guadalupe, uma imagem escondida no ano de 714 por monges em fuga para o norte da península, aquando das invasões muçulmanas.
No lugar do achamento foi construída uma ermida onde se venerava a imagem. Muitos milagres e anos depois, o antigo lugar de Puebla de Santa Maria de Guadalupe, viu ser construído um grande mosteiro e a imagem da Virgem de Guadalupe é venerada como a “Patrona de Todas las Tierras de Habla Hispana!
As visitas são sempre guiadas. Depois do majestoso claustro Mudéjar, vamos passando por portas que se vão abrindo e fechando fazendo-nos descobrir tesouros que espantam pela opulência e arte.
Existiu no mosteiro, uma oficina de bordadura de aparatos religiosos, exclusivamente feita por monges da Ordem Jerónima, que produziu peças dignas do nosso assombro, hoje expostas no antigo Refeitório do Mosteiro dos Jerónimos.
Não podem ser feitas fotos durante a visita, apenas na Igreja do Mosteiro. A única hipótese de se obter uma imagem da Santa é usando uma teleobjetiva que nós infelizmente não tínhamos naquele momento. Mas com boa vontade, podem descobrir a pequena imagem negra no retábulo do altar. É essa mesmo… a Virgem de Guadalupe!
No fim da visita não se esqueçam de pedir para aceder á imagem dizendo que pretendem venerar a Padroeira de Espanha.
Vão ser acompanhados até á entrada das dependências privadas do Mosteiro pelo guia que aí vos abandonará, após uns momentos de espera, aparece um monge que vos conduzirá por uma escada a um local que é a parte de trás do altar. Após um compasso de espera e recolhimento, puxa um cordão e o trono onde está a santa gira e ficamos frente a uma imagem de poucos centímetros, negra, com um manto de pedras preciosas… posso garantir que qualquer que seja a vossa fé, vão sentir uma energia que muito dificilmente conseguirão expressar por palavras.
Terminada a visita ao espaço religioso, fomos repousar o físico numa das esplanadas da Plaza de Santa Maria de Guadalupe
O dia estava a chegar ao fim, o frio de inverno começava a fazer-se sentir com mais intensidade. Estava na hora de regressar ao conforto da autocaravana, mas antes ainda havíamos de fazer umas últimas compras pelas lojas que circundam a praça. Alguns produtos locais produzidos artesanalmente chamavam por nós… “não deixem de provar a “Morcela de La Puebla”,” e para acompanhar o café ou chá da noite as muitos afamadas “Roscas de Muédago”, um bolo com pinhões e mel…
Pela manhã regressamos à praça de Santa Maria, para no Posto de Turismo, recolhermos a informação sobre o percurso pedonal, que nos iria fazer descobrir La Puebla.
A sempre crescente devoção à Virgem e, os muitos privilégios que foram sendo concedidos à povoação, provocaram um assentamento progressivo de artesões e comerciantes, que foram deixando uma forte presença na arquitetura popular de La Puebla de Guadalupe.
O atual traçado urbano, denota a influência do antigo modelo medieval como por exemplo, a Fuente dos Tres Caños, antigo centro social da urbe.
As portas da antiga muralha que encerravam os bairros Judeus ou da Mouraria
Percorrer as acidentadas ruas do “bairro velho”, as casas típicas de dois andares com arcadas em vigas de madeira, as janelas com grades de ferro forjado, as casas brasonadas e… a simpatia de quem vamos encontrando e nunca se furta a uma troca de palavras, deixa uma recordação muito intensa desta visita ao segundo Centro da Peregrinação Religiosa Espanhola.
Estava na altura de deixar Guadalupe e seguir viajem, agora na direção de Trujillo.
O nosso espanto e admiração por este sol intenso de Inverno, mantinha-se. Foi com uma temperatura muito agradável que paramos na área de serviço para autocaravanas na vila de Logrosán.
N 39° 19’ 55’’
W 5° 28’ 49’’
Mudança de águas e sanita química, nesta área localizada numa zona industrial, mas com muito boas condições. Possibilidade de pernoita na localidade onde podemos visitar uma igreja do século XV, e um interessante museu etnográfico, para além da possibilidade da sempre necessária compra de pão. Seguimos viagem para Trujillo.
Ao chegar verificámos que ainda estava em construção a área de serviço para autocaravanas nesta cidade, localizada junto á praça de touros, oferece boas condições de estacionamento e fica perto do centro urbano.
N 39° 27’’ 26’’
W 5° 52’ 22’’
Quando começámos a visita à cidade, começou a instalar-se um nevoeiro que se ia adensando e desvanecia o contorno dos edifícios
A Plaza Mayor no centro histórico e monumental de Trujillo, passa por ser uma das mais bonitas de Espanha. A estátua equestre de Francisco Pizarro, um guardador de porcos da Extremadura que conquistou o Império Inca do Peru para a coroa espanhola, impõe-se sobre a praça, lembrando que é um dos mais famosos filhos desta cidade.
O nevoeiro adensava-se e nem para fazer as fotos se conseguia visibilidade. Visitámos a cidade subindo e descendo ruas ladeadas de casas brasonadas, visitámos igrejas e torres medievais, mas até encontrar as ruas de regresso à autocaravana estava-se a tornar difícil.
Ao fazermos uma última foto, na Plaza Mayor, ficou a promessa de voltarmos a Trujillocom um dia de Sol, pois a beleza da cidade merece uma visita com outras condições de tempo.
Lá íamos perguntando em cada esquina, o melhor percurso para a praça de touros onde tínhamos estacionado a autocaravana. Sinceramente, há muito tempo que não via (se é que se pode usar a expressão), um nevoeiro tão denso. Com alguma dificuldade lá encontramos a nossa casa com rodas e só um jantar acompanhado com uns vinhos “extremenhos” nos ajudou a esquecer a desilusão desta visita.
Noite calma. Pela manhã, quando espreitámos pela janela, já o Sol ia aparecendo com a promessa de um dia diferente. Também para nós o destino desse dia seria outro Plasencia.
A cidade de Plasencia não tem área de serviço, apenas um parque de campismo que pode dar o apoio necessário ao autocaravanismo.
Nós tínhamos a indicação de um parque de estacionamento onde se pode pernoitar, e foi para lá que nos dirigimos.
N 40° 1’ 55’’
W 6° 4’ 50’’
Este parque de estacionamento localizado à entrada da cidade e de momento gratuito, é muito prático para se visitar Plasencia. Existe uma escada rolante ao ar livre que nos leva até ao centro urbano.
Ao sair da escada rolante, ficamos junto à Puerta del Sol, uma das portas da antiga muralha construída no século XIII, aquando da fundação da cidade. O rei Afonso III seu fundador, como que nos recebe para esta visita na sua estátua equestre.
A Plaza Mayor, centro da cidade construída no século XVI, é palco todas as terças-feiras de um típico mercado que lembra épocas medievais. Não era o caso do dia da nossa visita. Aproveitámos para nos sentarmos e aguardar que o “Abuelo Mayorga” fizesse sonar as horas.
Esta popular personagem da cidade de Plasencia está pendurado na torre do campanário, experimentem ampliar a foto…
Na visita à cidade, a presença das muralhas começadas a construir no século XII são uma presença constante. As portas que marcavam o ritmo do quotidiano medieval, abriam-se ao nascer do Sol e fechavam-se ao anoitecer, encerravam Palácios e Casas Senhoriais que merecem a nossa visita.
Nos dias de hoje muitas estão ocupadas por atividades que servem a comunidade e visitantes, como o Posto de Turismo ou o Museu Etnográfico. No turismo fomos obter informação sobre a cidade, no museu ficamos a conhecer modos de vida desta terra Extremenha.
Uma entre muitas, a “Casa del Deán” com a sua janela com colunas de estilo Corintio, e o escudo da famila de Don Antonio Paniagua de Loaisa.
O Convento de San Vicente de Ferrer, onde os preparativos para a Semana Santa iam adiantados…
Os pecados desta vida não têm sido muitos… mas pelo sim pelo não sempre vou treinando…
Ficámos impressionados pelo tamanho dos andores, segundo nos informaram, alguns são suportados por mais de 40 homens e têm de estar outros tantos prontos para os irem subsistindo durante o percurso da procissão.
O Palácio de Los Marqueses de Mirabel, um dos edifícios civis com mais interesse histórico-artístico de Plasencia, datado do século XV. No seu interior um pátio neoclássico alberga inúmeras peças da época romana e uma curiosa coleção de caça do século XIX reunida pelo Duque, podem ser visitadas.
No mesmo Largo em frente do Palácio ficam “La Catedral Vieja e La Catedral Nueva”.
Catedral La Vieja e La Catedral Nueva de Plasencia, formam um grande conjunto arquitetural.
A construção da antiga catedral velha foi iniciada no século XII, mas no século XV, começou a construção da nova o que implicou a demolição do cruzeiro e de parte da cabeceira da antiga estrutura.
Entramos na catedral antiga pelo pórtico românico e a visita acompanhada por um áudio-guia vai acontecendo, a saída é pela catedral nova. A consulta do site do Ayuntamento de Plasencia será uma boa ajuda na visita a estes monumentos
http://www.plasencia.es/web/catedrales
Não percam na catedral velha o Museo Catedralício e na nova, o Coro datado de 1567, que passa por ser um dos mais belos de Espanha. Para nós foi a melhor forma de findar a visita a esta cidade de que muito gostámos.
O dia estava a terminar, as luzes ao acenderam-se emprestavam um novo brilho à cidade, certamente que vamos voltar a Plasencia.
Novo dia novo destino! A viagem seguia pela cidade de Cáceres, o estacionamento seria na área de serviço para autocaravanas disponibilizada nesta cidade.
N 39° 28’’ 49’’
W 6° 21’ 59’’
Esta área de serviços oferece uma boa qualidade. Está instalada no parque do Albergue Juvenil Ciudad de Cáceres, um albergue de Juventude. Um portão fecha pela noite o aceso, consultem o horário afixado, uma porta permite a entrada de peões a qualquer hora.
Localizado muito perto do centro urbano é muito conveniente para a visita, a esta cidade monumental.
Saindo do portão à esquerda na direção do centro, podemos encontrar uma churrasqueira de frangos… pode ser útil, subindo um pouco mais, um estabelecimento de banhos orientais…
La Plaza Mayor usada desde o século XIII como recinto de feiras, é o núcleo central do quotidiano de Cáceres. Ali perto na Plaza de Las Claras podemos encontrar a “Oficina de Turismo”, onde se obtém toda a documentação turística sobre a cidade. Perguntem por visitas guiadas, são uma das melhores formas de fazer a visita.
Nos séculos XIII a XVI, a cidade foi ocupada por muitas famílias nobres, que construíram as principais casas e palácios que tornam Cáceres uma das 13 cidades espanholas, consideradas Património da Humanidade pela Unesco. Ao passearmos pelas ruas do “casco histórico” vamos sendo surpreendidos pela boa conservação dos edifícios, e as visitas aos monumentos vão-se sucedendo.
A Catedral de Santa Maria, as casas senhoriais, os palácios, conventos, as Igrejas… dificilmente conseguiríamos nestas poucas linhas, fazer transparecer a nossa admiração por esta cidade.
A consulta do site
Será uma mais valia para uma vossa visita.
O dia estava a terminar e estava na altura de regressar à autocaravana para se preparar o jantar
A localização da área de serviço muito perto do centro urbano convidada a um café numa das esplanadas da Plaza Mayor.
Terminávamos por aqui a nossa viagem pela Extremadura Espanhola. No dia seguinte faríamos uma paragem na nova área de serviço da cidade de Badajoz. Não conhecíamos e poderá ser um ponto de paragem numa próxima saída.
Mais uma viagem, por uma região de Espanha, que nos deixa vontade de rapidamente regressar a terras de nuestros vecinos.
Para despedida aqui fica o ponto de GPS da área de serviço para autocaravanas de Badajoz, com um envolvimento urbano poderá ser uma agradável pausa para visita à cidade ou em viagem para a Europa.
N 38° 53’ 04’’
W 6° 58’ 40’’
Em Badajoz seria para nós o fim desta viagem, mas certamente que outras estradas nos esperam.
ATÈ BREVE!!!!
FIM